Níveis de suporte no autismo: o que eles realmente significam?
- Dra. Juliana Queiroz
- 9 hours ago
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O que são os níveis de suporte no TEA?
Quando falamos em Transtorno do Espectro Autista (TEA), muitas pessoas ainda usam termos como autismo leve, moderado ou grave. Mas o DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais), referência internacional em saúde mental, propõe uma forma mais precisa de descrever as diferenças entre as pessoas dentro do espectro: os níveis de suporte.
Esses níveis indicam quanto apoio a pessoa precisa no dia a dia, e não uma medida de “gravidade” ou “inteligência”. Eles se baseiam em duas áreas principais:
Comunicação social (como a pessoa interage e se comunica).
Comportamentos restritos e repetitivos (como lida com mudanças e interesses fixos).
Nível 1 — Requer suporte
As pessoas nesse nível costumam ter linguagem funcional e conseguem se comunicar, mas podem apresentar:
Dificuldade para iniciar interações sociais;
Dificuldade em manter trocas recíprocas;
Rigidez comportamental que interfere em algumas situações.
Essas crianças e adultos geralmente conseguem frequentar escola ou trabalho com algum grau de adaptação, mas precisam de apoio para se organizar e lidar com mudanças.
É o que muitos chamam (de forma incorreta) de “autismo leve”.
Nível 2 — Requer suporte substancial
Aqui, as dificuldades são mais evidentes:
Interações sociais mais limitadas e com pouca iniciativa;
Comunicação verbal e não verbal reduzida;
Comportamentos repetitivos e resistência a mudanças que impactam a rotina.
Essas pessoas precisam de suporte estruturado e contínuo, tanto em casa quanto na escola, para conseguir se adaptar e se regular emocionalmente.
Nível 3 — Requer suporte muito substancial
Esse é o nível que envolve maior necessidade de acompanhamento constante. As características mais comuns incluem:
Comunicação mínima ou ausência de fala funcional;
Dificuldade importante em compreender e responder a interações sociais;
Comportamentos repetitivos intensos e forte resistência a mudanças.
Essas crianças ou adultos necessitam de ambientes muito estruturados, suporte individualizado e acompanhamento multidisciplinar contínuo.
O nível de suporte pode mudar?
Sim!Os níveis de suporte não são fixos — eles podem variar conforme o desenvolvimento, o contexto e as intervenções terapêuticas. Com o avanço da comunicação, melhora da autorregulação e ampliação das habilidades sociais, é comum que uma criança precise de menos suporte ao longo do tempo.
Da mesma forma, períodos de maior estresse ou mudanças importantes podem aumentar temporariamente a necessidade de apoio.
Cada pessoa com TEA é única
Os níveis de suporte ajudam profissionais a planejar intervenções, mas não definem quem a pessoa é. O mais importante é entender quais apoios ela precisa para se desenvolver, aprender e se relacionar com o mundo da melhor forma possível.
O diagnóstico é o mesmo, o suporte é o que muda.
Quando procurar o neuropediatra?
Sempre que houver dúvidas sobre o desenvolvimento social, comunicação ou comportamento da criança, vale uma avaliação com o neuropediatra.
O diagnóstico e o acompanhamento adequados fazem toda diferença para oferecer o suporte certo, no momento certo.





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