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Paracetamol na gestação e autismo: o que a ciência realmente diz

  • Dra. Juliana Queiroz
  • Sep 24
  • 2 min read

Introdução

O paracetamol (acetaminofeno) é um dos analgésicos e antitérmicos mais utilizados no mundo, inclusive durante a gestação. Por ser considerado seguro por décadas, tornou-se a primeira escolha em casos de dor e febre.Nos últimos anos, porém, surgiram estudos levantando a hipótese de uma possível associação entre seu uso na gravidez e o risco de transtornos do neurodesenvolvimento, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Mas afinal, o paracetamol causa autismo?


O que os estudos mostram

Associações observacionais

Estudos de coorte observaram que o uso frequente ou prolongado de paracetamol durante a gestação poderia estar associado a maior risco de TEA e TDAH.Um dos trabalhos mais citados é o de Ji et al. (JAMA Psychiatry, 2020), que analisou metabólitos de paracetamol no sangue do cordão umbilical e encontrou associação dose-resposta com risco de TEA e TDAH.➡️ Importante: esse tipo de estudo mostra associação, mas não prova causa e efeito.


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Estudos mais robustos

Em 2024, um estudo sueco com 2,4 milhões de nascimentos (Ahlqvist et al., JAMA) comparou crianças expostas e não expostas dentro da mesma família (irmãos).Resultado: não houve aumento de risco para TEA, TDAH ou deficiência intelectual quando os fatores familiares foram controlados.Esse é considerado, até agora, um dos estudos mais robustos sobre o tema.


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Revisões e consensos


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Em 2021, um consenso publicado na Nature Reviews Endocrinology (Bauer et al.) recomendou cautela, sugerindo que se evite uso desnecessário e prolongado de paracetamol na gestação. No entanto, um comentário no mesmo periódico reforçou que o medicamento continua sendo a opção mais segura disponível para controle de dor e febre em gestantes.

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O que dizem as diretrizes internacionais

  • OMS (2025): a evidência atual é inconsistente para afirmar que exista um vínculo causal entre paracetamol e TEA.

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  • EMA e ACOG: a recomendação não mudou — o paracetamol pode ser usado durante a gestação, quando clinicamente indicado.

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    Todas reforçam: usar sempre a menor dose eficaz, pelo menor tempo necessário.


Riscos da febre não tratada

Vale lembrar que a febre materna prolongada pode estar associada a más-formações fetais e maior risco de complicações na gestação.Ou seja, em muitos casos, tratar a febre é mais seguro do que não tratá-la.


Conclusão

Até o momento, não é possível afirmar que o paracetamol cause autismo. As associações observadas em alguns estudos não provam causalidade, e pesquisas mais consistentes não confirmaram esse risco.O uso do medicamento na gestação deve ser feito com indicação médica, na menor dose e tempo possíveis, sempre pesando riscos e benefícios.


Referências

  • Ahlqvist VH, et al. JAMA. 2024.

  • Ji Y, et al. JAMA Psychiatry. 2020.

  • Bauer AZ, et al. Nat Rev Endocrinol. 2021.

  • Organização Mundial da Saúde (OMS), 2025.

  • European Medicines Agency (EMA), 2025.

  • American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG).

 
 
 

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